Cartas a Quem Ainda Não Adotou – Um Recado dos Nossos Patudos
Olá, humano. Desculpa se não corro para ti como os filhotes. Os meus ossos já não deixam. Mas o meu coração? Esse ainda corre. Corre até ti. Não sou o mais bonito do abrigo. O meu pelo tem falhas, e os olhos já viram muita coisa — talvez demais. Mas ainda sei abanar a cauda com esperança. Fui deixado aqui há alguns anos. A minha família mudou-se, disseram. Eu não sabia que uma casa podia mudar... e esquecer. Desde então, espero. Não faço barulho. Não dou trabalho. Só espero. Sabes o que é engraçado? Eu nem peço muito. Um cantinho, uma manta. Duas ou três palavras por dia. Se me deres carinho, dou-te paz. Se me deres paciência, dou-te gratidão. Se me deres um lar... dou-te tudo o que me resta. E acredita, ainda é muito. Sei que tens dúvidas. Que o tempo assusta. Que o fim pode ser mais perto. Mas deixa que te diga: cada dia com um animal como eu é um presente. Porque nós, os seniores, não gastamos tempo a exigir. Aproveitamos. Intensamente. Com tudo o que somos. Se...